AS SETE IGREJAS DA ÁSIA

Cartas às Sete Igrejas da Ásia

Apocalipse 2:1 - 3:22
Jesus incumbiu João de enviar o livro de Apocalipse a sete igrejas. Nos capítulos 2 e 3, o Senhor deu mensagens especiais a cada uma dessas igrejas. Cada carta segue quase o mesmo modelo: ì uma comunicação ao anjo que representava a igreja; í uma frase descrevendo Jesus; î um comentário das boas coisas feitas pela igreja (em um caso nada de bom é mencionado S veja 3:14-22); ï uma repreensão pelas más coisas que Jesus observava (em duas cartas nada de mau é mencionado S veja 2:8-11 e 3:7-13); ð encorajamento para corrigir o erro (exceto para as igrejas em que nada de mau tinha sido notado): ñ uma exortação a ouvir; ò uma promessa àquelas que triunfassem (em alguns casos a ordem destas últimas duas é invertida).

Éfeso; uma igreja doutrinariamente sólida e ativa, ainda que seu amor tivesse ficado frio. É perigoso permitir que nosso serviço a Deus se torne mecânico e ritual; o primeiro mandamento é amar a Deus com todo o coração. Quando uma igreja deixa de amar a Deus ela prejudica sua relação com ele.

Esmirna: esses irmãos estavam sofrendo perseguição e dificuldades econômicas, mas Deus estava orgulhoso deles. O mito que a fidelidade a Deus sempre traz prosperidade e termina o sofrimento é falso.

Pérgamo: esse grupo permanecia fiel mesmo quando um membro foi martirizado, mas tinha um grande problema: tolerava o ensino de falsas doutrinas que encorajavam idolatria e imoralidade. O Senhor ameaçou fazer guerra contra ele.

Tiatira:
essa congregação estava procedendo bem de todos os modos (2:19), mas foi criticada pelo Senhor porque aceitava uma mulher "que a si mesma se declara profetisa" que promovia pecado sexual. As igrejas têm que rejeitar os membros que encorajam o pecado (Tito 3:10-11).

Sardes: essa igreja tinha grande reputação, mas a realidade desmentia o nome. Não podemos descansar sobre nosso passado. As igrejas vivem por causa de seu atual serviço a Deus.

Filadélfia: as duas igrejas que não foram criticadas (Esmirna e Filadélfia) eram as igrejas que sofriam maior perseguição. O Senhor reassegurou-as de que era ele quem tinha a chave, e que quando ele abrisse a porta para elas, ninguém seria capaz de fechá-la.

Laodicéia: Se autoconfiança fosse o padrão, essa igreja seria proeminente. Sua autoconfiança era imensa, mas sua falta de fervor tinha deixado o Senhor do lado de fora, batendo na porta para entrar em sua própria igreja. Arrogância e prosperidade material freqüentemente produzem cristãos complacentes.

A Carta à Igreja em Éfeso

A mensagem do Apocalipse foi enviada principalmente “às sete igrejas que se encontram na Ásia” (1:4). Este fato é frisado várias vezes no primeiro e no último capítulos (1:4,11,20; 22:16). Os capítulos 2 e 3 são direcionados especificamente às igrejas, com uma mensagem especial para cada uma delas.

Estas sete cartas seguem a forma de decretos imperiais, começando a sua mensagem com a palavra “diz” (grego, legei). Estas cartas foram escritas num formato padrão (Saudação, Posição de Jesus, Avaliação da congregação, apelo a ação, Promessa de recompensa aos vencedores), mas o conteúdo de cada é específico e fala a respeito das necessidades da própria congregação citada.

Sete Igrejas Independentes

A necessidade de sete cartas bem diferentes reforça a importância de respeitar a autonomia de cada congregação. Estas sete igrejas se encontravam numa área relativamente pequena. Uma pessoa entregando todas as cartas faria um circuito de pouco mais de 500 quilômetros. Nesta área pequena, sete igrejas bem diferentes apresentaram características distintas. Jesus não enviou uma carta “ao bispo da Ásia” (não existia qualquer ofício de líderes regionais entre as igrejas primitivas) para resolver, de uma vez, todas as questões nas várias igrejas. As igrejas não eram subordinadas à autoridade de alguma hierarquia, e não havia laços estruturais entre congregações. Cada congregação era independente, com seus próprios desafios e sua própria personalidade. Cada uma recebeu um comunicado diretamente de Jesus, e lhe responderia diretamente pela sua obediência ou rebeldia. Ele não operou por meio de alguma hierarquia de autoridades eclesiásticas. As pessoas que querem seguir, hoje em dia, as instruções do Novo Testamento devem lembrar este fato. Não há base bíblica para criar ou manter organizações religiosas ligando congregações. As hierarquias nas denominações e as conferências e congressos estaduais, regionais, nacionais e internacionais são invenções de homens sem nenhuma autorização bíblica.

Ao Anjo da Igreja em Éfeso (Apocalipse 2:1-7)

Vamos considerar o conteúdo desta carta. Confira na sua Bíblia cada citação.

A igreja em Éfeso (1): Éfeso era a cidade mais importante da província romana de Ásia. Foi situada perto do mar Egeu. Duas estradas importantes cruzaram em Éfeso, uma seguindo a costa e a outra continuando para o interior, passando por Laodicéia. Assim, Éfeso teve uma localização importantíssima de contato entre os dois lados do império romano (a Europa e a Ásia). Historiadores geralmente calculam a população da cidade no primeiro século entre 250.000 e 500.000. Éfeso era conhecida, também, como o foco de adoração da deusa da fertilidade, Ártemis ou Diana.

Sabemos algumas coisas sobre a história da igreja em Éfeso de outros livros do Novo Testamento. No final de sua segunda viagem, Paulo deixou Áqüila e Priscila em Éfeso, onde corrigiram o entendimento incompleto de Apolo sobre o caminho do Senhor (Atos 18:18-26). Na terceira viagem, Paulo voltou para Éfeso, onde pregou a palavra de Deus por três anos (Atos 19:1-41; 20:31). Na volta da mesma viagem, passou em Mileto e encontrou-se com os presbíteros de Éfeso (Atos 20:17-38). Durante os anos na prisão, Paulo escreveu a epístola aos efésios. Também deixou Timóteo em Éfeso para edificar os irmãos (1 Timóteo 1:3).

Destas diversas referências aos efésios, podemos observar algumas coisas importantes sobre essa igreja. Desde o início, houve a necessidade de examinar doutrinas e aceitar somente o que Deus havia revelado. Assim, Áqüila e Priscila ajudaram Apolo (Atos 18:26); Paulo advertiu os presbíteros do perigo de falsos mestres entre eles (Atos 20:29-31), e orientou Timóteo a admoestar os irmãos a não ensinarem outra doutrina (1 Timóteo 1:3-7). A carta de Paulo aos efésios destacou a importância do amor (5:2), um tema frisado, também, nesta carta no Apocalipse.

Aquele que conserva na mão direita as sete estrelas e que anda no meio dos sete candeeiros de ouro (1): Esta descrição de Jesus vem de 1:12-13,16,20 e mostra o conhecimento e a soberania de Jesus em relação às igrejas. Tanto os efésios como os discípulos nas outras igrejas precisavam lembrar da presença de Jesus. Ele anda no meio das igrejas, observando o procedimento delas, e pronto para agir quando for necessário. Segurando as sete estrelas, ele demonstra seu poder e domínio.

Conheço as tuas obras (2-3): Jesus elogia várias qualidades da igreja em Éfeso:

Labor e perseverança – Deus quer servos dedicados que não desistem (Tiago 1:4). Jesus falou da importância da perseverança diante de perseguição (Mateus 10:22; veja Romanos 5:3; Tiago 1:12), observando que perseguições causam o amor de muitos a esfriar (Mateus 24:10-13). Devemos perseverar na oração (Atos 1:14; Colossenses 4:2; 1 Timóteo 5:5), na doutrina verdadeira (Atos 2:42; 1 Coríntios 15:1), nas boas obras (Romanos 2:7) e na graça de Deus (Atos 13:43). Na sua perseverança, os efésios suportaram provas e não se desanimaram.

Não suportar homens maus – Depois de tantas advertências sobre o perigo de falsos mestres, a defesa da verdade se tornou um ponto forte da igreja de Éfeso. Homens que se alegavam ser apóstolos foram postos à prova e achados mentirosos (veja 1 João 4:1). Precisamos do mesmo zelo da verdade hoje. O mundo religioso está cheio de pessoas que se dizem profetas e apóstolos. Devem ser avaliadas conforme a palavra de Deus. Pessoas que alegam trazer novas revelações são mentirosas (Gálatas 1:8-9; 1 Coríntios 13:8; Judas 3). Os apóstolos eram testemunhas oculares de Jesus ressuscitado (veja Atos 1:22; 1 Coríntios 15:8-9). Aqueles que se chamam apóstolos, hoje em dia, são falsos mestres. Não devemos suportá-los.

Tenho ... contra ti (4): O problema dos efésios não foi uma questão de doutrina correta, mas de amor. Abandonaram o seu primeiro amor. Esqueceram dos grandes mandamentos que formam a base para todos os ensinamentos de Deus (Mateus 22:37-40). Paulo instruiu os efésios sobre a importância do amor como alicerce da vida do cristão (Efésios 3:17; 4:2,16: 5:2; 6:23). Não devemos distorcer esta advertência para criar um conflito entre o amor e a verdade. Podemos defender a verdade, como os efésios fizeram e, ao mesmo tempo, praticar o amor. Foi exatamente isso que Paulo pediu aos efésios: “Mas, seguindo a verdade em amor, cresçamos em tudo naquele que é a cabeça, Cristo” (Efésios 4:15).

Lembra-te, arrepende-te e volta (5): Jesus pede três respostas dos efésios:

1. Lembra-te, pois, de onde caíste: Não foram as alfarrobas dos porcos que levou o filho pródigo ao arrependimento; foi a lembrança da casa do pai. Para os efésios se arrependerem, teriam que lembrar da comunhão com Deus que deixaram para trás. Para permanecer fiéis, a presença de Deus precisa ser a coisa mais preciosa na nossa vida. Uma vez que caímos, é necessário desenvolver novamente o amor para com ele.

2. Arrepende-te: O arrependimento é a mudança de atitude. Quando decidimos deixar o pecado e fazer a vontade de Deus, nós nos arrependemos. O pecador precisa se arrepender antes de ser batizado para perdão dos pecados (Atos 2:38). O cristão que tropeça precisa se arrepender e pedir perdão pelos seus pecados (Atos 8:22). Aqui, uma igreja cujo amor esfriou-se precisa se arrepender.

3. Volta à prática das primeiras obras: A mudança de atitude (o arrependimento) produzirá frutos (Mateus 3:8). Pelas obras, a pessoa arrependida mostrará a sinceridade da sua decisão. A igreja em Éfeso precisava voltar à prática do amor.

Se a igreja não se arrepender, Jesus removeria o seu candeeiro. Eles não permaneceriam na abençoada comunhão com o Senhor.

Odeias as obras dos nicolaítas, as quais eu também odeio (6): Mais um ponto a favor, reforçando o elogio dos versículos 2 e 3. Os nicolaítas são mencionados somente aqui e na carta à igreja em Pérgamo (15). Não sabemos a natureza precisa do seu erro, mas sabemos que era abominável a Deus. Neste ponto, os efésios odiavam o que Deus odiava. Nós devemos fazer a mesma coisa, sendo amigos do bem (Tito 1:8) e detestando o mal (Salmo 97:10).

Quem tem ouvidos, ouça (7): Freqüentemente, Jesus chama os ouvintes a ouvirem a sua mensagem (Mateus 11:5; 13:9,43; etc.). O problema de um coração teimoso se reflete nos ouvidos tapados que recusam ouvir a verdade (Mateus 13:15). Os efésios provaram aqueles que falavam, agora eles seriam provados pela maneira de ouvirem.

O Espírito diz às igrejas (7): Jesus transmitiu a sua mensagem por meio dos anjos das igrejas (2:1,8,12,18; 3:1,7,14), mas o Espírito, também, participa da revelação (veja 1:4) e da recompensa dos fiéis.

Ao vencedor ... árvore da vida ... paraíso de Deus (7): A recompensa aguarda os vencedores que perseveram no amor e na verdade. Aqueles que desistem, abandonando para sempre o seu amor, não receberão o galardão. Jesus descreve a comunhão com Deus em termos que nos lembram do jardim do Éden. Por causa do pecado, o homem foi expulso do jardim em que Deus andava (Gênesis 3:22-24,8). Aqueles que andam com Deus têm a esperança da vida no paraíso do Senhor.

ConclusãoU ma igreja rodeada por religiões falsas e sujeita à influência de homens maus precisa examinar todos os ensinamentos e rejeitar todas as falsas doutrinas. Mas ela precisa, também, demonstrar o amor verdadeiro para vencer o mal. Devemos amar a verdade, não somente pelo desejo de ser “corretos”, mas porque ela vem do Deus que merece nosso amor. Devemos amar aos outros, porque foram feitos à imagem e semelhança de Deus. “Amados, se Deus de tal maneira nos amou, devemos nós também amar uns aos outros” (1 João 4:11)

Atenciosamente: Pr Sami